“Parem o mundo que eu preciso descer!”
E com esta piadinha, inicio a discussão desta crônica, deste
texto crônico, onde deposito as situações crônicas da minha vida.
*suspiro*
Não há muito como evitar, estou triste, sinto-me como se eu
estivesse num ônibus chamado vida e eu perdi o meu ponto anos atrás...
E então, você já respondeu a pergunta: O que você faz quando
você está triste?
O caso nem sempre é simples, sabe? Depois que descobriram a
tal da depressão e que ela pode vir a ser tão crônica que passou a ser
considerada uma ‘doença’, o mundo vive na depressão. Tudo dói, tudo magoa... E
o que as pessoas mais fazem é ferir...
A depressão acabe sendo isso, uma ferida, uma dor profunda
no ser que não pode ser simplesmente curada, é causada por uma série de fatores
incluindo medo, decepção e fracasso. Você passa tanto tempo fechado em si mesmo
que quando precisa se abrir, ninguém estará lá para escutar você chorando,
ouvir o que você tem a dizer, são coisas idiotas, coisa inúteis e
desnecessárias, mesmo assim você precisa que alguém te escute, por algum
motivo...
— Me escuta! Eu preciso de você, preciso de você vivo,
preciso de você ao meu lado... Você é especial pra mim, não faça isso comigo,
estou te implorando... Fica comigo!
Não há nada melhor que uma conversa, que algo motivador,
algo que te traga a realidade. Você sabe o seu lugar, o que quer fazer, só não
tem a confiança para seguir em frente e enfrentar os seus demônios. Você se
considera um lixo, um inútil, um incapaz. Não entende porque o mundo ao seu
redor é tão diferente de você, porque você parece sempre ser o anormal, você
nem ao menos sabe o porquê das pessoas te ignorarem...
No meu exemplo, eu queria ser escritor...
*suspiro*
Como ser escritor no Brasil?!
No Brasil é improvável que alguém consiga ser escritor sem
ter que fazer algum “trabalho comum”, ser escritor é ter um hobby enquanto você
trabalha com alguma outra coisa, você não vê oportunidades por aí de algum tipo
de profissão onde o fundamental é escrever. Eu, pelo menos, nunca vi e nem sei
se é possível encontrar. É algo tão distante da minha realidade que começo a
acreditar que seja apenas um sonho, uma fantasia maluca, um devaneio de um
pobre que já deveria estar trabalhando... Por causa da descrença naquilo em que
eu realmente queria fazer, fico triste... E não há ninguém que queira conversar
sobre isso...
Eu não sei o que falar, como me explicar... De onde eu iria
tirar coragem pra dizer para o mundo o que eu quero fazer, sendo que o mundo
não dá a mínima pra isso? Eu vivo como um fantasma, como mais um cara que tem
um blog, um cara que vive no meio de pessoas que não dão a mínima para o que eu
escrevo, penso ou sinto... Não tenho ninguém com quem abrir meu coração e dizer:
— Eu quero morrer...
A maioria das pessoas que me vê no dia-a-dia deve achar que
eu sou só um idiota, preguiçoso, lerdo e desnecessário. Acho que as pessoas nem
sentiriam a minha falta se eu de fato não estivesse mais aqui...
E assim eu continuo pensando, pensando que a minha seria
muito diferente se eu ganhasse na loteria e pudesse realizar alguns dos meus
caprichos, caprichos esses que a cada vez que eu imagino, quanto mais fácil é
para imaginar, mais distante eu sei que estou longe de realizá-lo.
Um dia, acho que no ano de 2014, ou teria sido no final de
2013, eu sonhei que havia ganhado um cheque, não lembro ao certo a quantia, mas
uma quantidade volumosa, algo entre R$10’000,00 e R$25’000,00. E sabe o que eu
disse? Aquilo foi uma surpresa pra mim! Eu disse algo como:
— Agora posso fazer faculdade...
Até hoje eu não tenho pretensões para fazer faculdade, não
faço ideia de que carreira eu poderia seguir ou me interessar. Mas, naquele
momento, eu disse que eu iria fazer faculdade. Eu não sei como! Talvez algo
dentro de mim soubesse o quanto isso seria importante agora e estava tentando
me avisar que isso seria um problema. Não sei... Sei apenas que não tenho
dinheiro para fazer faculdade, não tenho como seguir meus sonhos e só me
resta... Não sei o que me resta...
Sabe, eu tenho uma câmera digital, ela está quebrada, não
consegue focar, o resto funciona, mas o mais importante está quebrado. Eu
adorava tirar fotos, fazer alguns vídeos, aos poucos eu conseguia transformar o
mundo ao meu redor através do meu olhar. De certo que não era lá grande coisa,
contudo, era algo novo pra mim, algo interessante. E, com a sorte que eu tenho,
a câmera simplesmente quebrou, eu juro que não a deixei cair, eu apenas queria
tirar uma foto de um cachorro e a descobri quebrada. Sem mais nem menos! Quem
tem dinheiro prontamente irá dizer:
— Mande pro conserto!
Eu faria, se pudesse! Eu esperava que meu pai mandasse a
câmera para o concerto e que eu pudesse continuar a tirar minhas fotos. Acabou
que ele achou muito caro mandar concertar a câmera e me devolveu a câmera do
jeito que ela estava, na maior cara de pau... Senti-me desolado, não queria nem
olhar para o objeto. Agora ele está no meio da minha bagunça, ficará lá por
tempo indeterminado ou até que eu fique com tanta raiva de mim mesmo e termine
de quebrá-lo.
Mas, o que me desanima agora não isso...
Meu irmão mais novo, o trabalhador da casa, comprou uma
câmera digital nova pra ele. Isso acabou me lembrando da minha câmera e de como
eu a queria de volta, de como eu sou um inútil que não consegue concerta uma
maldita câmera e de como eu sou infeliz.
Quem sabe devo estar entrando em depressão ou simplesmente
não estou aguentando mais a pressão por ser infeliz. Sinto-me como se fosse a
minha própria câmera, o que é mais importante não funciona e não pode ser
concertado... Talvez ela ter quebrado tenha sido apenas um piada sem graça do
destino querendo imitar a minha vida...
O que você faz quando está triste?
Eu deveria sair de casa, dar uma volta, tomar um ar... Estou
há dias pensando nisso. Desde que voltei do Ceará só consegui sair uma única
vez, e foi o suficiente para criar o nome do blog: Eu Não Pertenço A Lugar
Nenhum (I Don’t Belong To Nowhere). A ideia era justamente essa, eu não
encontro um lugar para pertencer, afinal, mundo perfeitos não existem. Tudo o
que há por aí é efêmero, não durará muito e você se verá como um Eike Batista
da vida, num dia um bilionário, noutro você estará devendo até as calças.
Infelizmente, sair me custaria R$7 de passagem ônibus (R$3,50 para ir e outros
R$3,50 para voltar). Tudo o que eu tenho agora na carteira são R$10, isso não
dá pra comprar quase nada e eu tenho que pensar bem antes de ir a qualquer
lugar. Isto é, se houvesse um lugar...
*suspiro*
Não há nenhum lugar que realmente seja interessante para ir,
na maioria você gasta algum dinheiro... Eu não quero ter que gastar tudo e
ficar sem nada...
O que você faz quando está triste?
— Procure uma saída...
Eu estou tentando ver alguma luz no fim do túnel e, quanto
mais eu me movo, mais fundo eu entro na areia movediça... Não consigo me
segurar em lugar nenhum e estou vendo a hora que eu não vou mais conseguir
respirar se aproximando...
— Este é o fim. Segure a sua respiração e conte até dez.
Sinta a Terra tremer e então... Ouça meu coração explodir, de novo.
Se eu pudesse fazer algo bonito com naturalidade, talvez eu
não fosse tão infeliz, tenho vontade de cantar, mas minha voz, minha voz é
horrível...
Por hoje é só pessoal!
Eu não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima...
...