sábado, 7 de março de 2015

CRÔNICAS: O QUE VOCÊ FAZ QUANDO ESTÁ TRISTE?

“Parem o mundo que eu preciso descer!”

E com esta piadinha, inicio a discussão desta crônica, deste texto crônico, onde deposito as situações crônicas da minha vida.

*suspiro*

Não há muito como evitar, estou triste, sinto-me como se eu estivesse num ônibus chamado vida e eu perdi o meu ponto anos atrás...

E então, você já respondeu a pergunta: O que você faz quando você está triste?

O caso nem sempre é simples, sabe? Depois que descobriram a tal da depressão e que ela pode vir a ser tão crônica que passou a ser considerada uma ‘doença’, o mundo vive na depressão. Tudo dói, tudo magoa... E o que as pessoas mais fazem é ferir...

A depressão acabe sendo isso, uma ferida, uma dor profunda no ser que não pode ser simplesmente curada, é causada por uma série de fatores incluindo medo, decepção e fracasso. Você passa tanto tempo fechado em si mesmo que quando precisa se abrir, ninguém estará lá para escutar você chorando, ouvir o que você tem a dizer, são coisas idiotas, coisa inúteis e desnecessárias, mesmo assim você precisa que alguém te escute, por algum motivo...

— Me escuta! Eu preciso de você, preciso de você vivo, preciso de você ao meu lado... Você é especial pra mim, não faça isso comigo, estou te implorando... Fica comigo!

Não há nada melhor que uma conversa, que algo motivador, algo que te traga a realidade. Você sabe o seu lugar, o que quer fazer, só não tem a confiança para seguir em frente e enfrentar os seus demônios. Você se considera um lixo, um inútil, um incapaz. Não entende porque o mundo ao seu redor é tão diferente de você, porque você parece sempre ser o anormal, você nem ao menos sabe o porquê das pessoas te ignorarem...

No meu exemplo, eu queria ser escritor...

*suspiro*

Como ser escritor no Brasil?!

No Brasil é improvável que alguém consiga ser escritor sem ter que fazer algum “trabalho comum”, ser escritor é ter um hobby enquanto você trabalha com alguma outra coisa, você não vê oportunidades por aí de algum tipo de profissão onde o fundamental é escrever. Eu, pelo menos, nunca vi e nem sei se é possível encontrar. É algo tão distante da minha realidade que começo a acreditar que seja apenas um sonho, uma fantasia maluca, um devaneio de um pobre que já deveria estar trabalhando... Por causa da descrença naquilo em que eu realmente queria fazer, fico triste... E não há ninguém que queira conversar sobre isso...

Eu não sei o que falar, como me explicar... De onde eu iria tirar coragem pra dizer para o mundo o que eu quero fazer, sendo que o mundo não dá a mínima pra isso? Eu vivo como um fantasma, como mais um cara que tem um blog, um cara que vive no meio de pessoas que não dão a mínima para o que eu escrevo, penso ou sinto... Não tenho ninguém com quem abrir meu coração e dizer:

— Eu quero morrer...

A maioria das pessoas que me vê no dia-a-dia deve achar que eu sou só um idiota, preguiçoso, lerdo e desnecessário. Acho que as pessoas nem sentiriam a minha falta se eu de fato não estivesse mais aqui...

E assim eu continuo pensando, pensando que a minha seria muito diferente se eu ganhasse na loteria e pudesse realizar alguns dos meus caprichos, caprichos esses que a cada vez que eu imagino, quanto mais fácil é para imaginar, mais distante eu sei que estou longe de realizá-lo.

Um dia, acho que no ano de 2014, ou teria sido no final de 2013, eu sonhei que havia ganhado um cheque, não lembro ao certo a quantia, mas uma quantidade volumosa, algo entre R$10’000,00 e R$25’000,00. E sabe o que eu disse? Aquilo foi uma surpresa pra mim! Eu disse algo como:

— Agora posso fazer faculdade...

Até hoje eu não tenho pretensões para fazer faculdade, não faço ideia de que carreira eu poderia seguir ou me interessar. Mas, naquele momento, eu disse que eu iria fazer faculdade. Eu não sei como! Talvez algo dentro de mim soubesse o quanto isso seria importante agora e estava tentando me avisar que isso seria um problema. Não sei... Sei apenas que não tenho dinheiro para fazer faculdade, não tenho como seguir meus sonhos e só me resta... Não sei o que me resta...

Sabe, eu tenho uma câmera digital, ela está quebrada, não consegue focar, o resto funciona, mas o mais importante está quebrado. Eu adorava tirar fotos, fazer alguns vídeos, aos poucos eu conseguia transformar o mundo ao meu redor através do meu olhar. De certo que não era lá grande coisa, contudo, era algo novo pra mim, algo interessante. E, com a sorte que eu tenho, a câmera simplesmente quebrou, eu juro que não a deixei cair, eu apenas queria tirar uma foto de um cachorro e a descobri quebrada. Sem mais nem menos! Quem tem dinheiro prontamente irá dizer:

— Mande pro conserto!

Eu faria, se pudesse! Eu esperava que meu pai mandasse a câmera para o concerto e que eu pudesse continuar a tirar minhas fotos. Acabou que ele achou muito caro mandar concertar a câmera e me devolveu a câmera do jeito que ela estava, na maior cara de pau... Senti-me desolado, não queria nem olhar para o objeto. Agora ele está no meio da minha bagunça, ficará lá por tempo indeterminado ou até que eu fique com tanta raiva de mim mesmo e termine de quebrá-lo.

Mas, o que me desanima agora não isso...

Meu irmão mais novo, o trabalhador da casa, comprou uma câmera digital nova pra ele. Isso acabou me lembrando da minha câmera e de como eu a queria de volta, de como eu sou um inútil que não consegue concerta uma maldita câmera e de como eu sou infeliz.

Quem sabe devo estar entrando em depressão ou simplesmente não estou aguentando mais a pressão por ser infeliz. Sinto-me como se fosse a minha própria câmera, o que é mais importante não funciona e não pode ser concertado... Talvez ela ter quebrado tenha sido apenas um piada sem graça do destino querendo imitar a minha vida...

O que você faz quando está triste?

Eu deveria sair de casa, dar uma volta, tomar um ar... Estou há dias pensando nisso. Desde que voltei do Ceará só consegui sair uma única vez, e foi o suficiente para criar o nome do blog: Eu Não Pertenço A Lugar Nenhum (I Don’t Belong To Nowhere). A ideia era justamente essa, eu não encontro um lugar para pertencer, afinal, mundo perfeitos não existem. Tudo o que há por aí é efêmero, não durará muito e você se verá como um Eike Batista da vida, num dia um bilionário, noutro você estará devendo até as calças. Infelizmente, sair me custaria R$7 de passagem ônibus (R$3,50 para ir e outros R$3,50 para voltar). Tudo o que eu tenho agora na carteira são R$10, isso não dá pra comprar quase nada e eu tenho que pensar bem antes de ir a qualquer lugar. Isto é, se houvesse um lugar...

*suspiro*

Não há nenhum lugar que realmente seja interessante para ir, na maioria você gasta algum dinheiro... Eu não quero ter que gastar tudo e ficar sem nada...

O que você faz quando está triste?

— Procure uma saída...

Eu estou tentando ver alguma luz no fim do túnel e, quanto mais eu me movo, mais fundo eu entro na areia movediça... Não consigo me segurar em lugar nenhum e estou vendo a hora que eu não vou mais conseguir respirar se aproximando...

— Este é o fim. Segure a sua respiração e conte até dez. Sinta a Terra tremer e então... Ouça meu coração explodir, de novo.

Se eu pudesse fazer algo bonito com naturalidade, talvez eu não fosse tão infeliz, tenho vontade de cantar, mas minha voz, minha voz é horrível...

Por hoje é só pessoal!
Eu não pertenço a lugar nenhum...

Até a próxima...
...

segunda-feira, 2 de março de 2015

INSIGHT: FANFIC - CENA DE GATHO DE GABRIEL KOLBE


Gaius caminha pela floresta de Évora, no extremo norte, próximo a região de Gatho. Ele está atento, os perigos daquelas terras são traiçoeiros, principalmente quando se chega perto do grande abismo abissal. O local estava inquietantemente silencioso naquele momento, Umbral dera uma de suas escapadas clássicas, sem dizer para onde fora, e o mercenário estava sozinho. Uma criatura o espreita:

- Umbral! - diz ele em alto e bom som. - É você seu desgraçado?! Já cansei dessas suas brincadeiras idiotas!

Ninguém responde.

Gaius continua caminhando, crendo ter sido apenas o vento. Observa o sol e segue pelo caminho que já deveria conhecer: "Tem algo errado", pensa ele, "será que eu me perdi de novo?".

- UMBRAL! - grita novamente, desta vez com mais vontade. - Venha aqui agora seu covarde!

Um zunido começa a soar, era o som de algo se aproximando. Gaius instintivamente segura a empunhadura de sua espada pecadora e se prepara para o que estiver por perto.

"Será um Castannï?", pensa ele.

O zunido começa a se distanciar. Pelo canto do olho, Gaius vê um vulto passar em alta velocidade.

- Merda - diz ele, tirando pecadora da bainha. - Quem está aí?!

O som volta a ficar alto. Gaius olha confuso para todos os lados sem saber de onde o zunido vinha. Parecia que estava vindo direto em sua direção, contudo, não via nada em sua frente. O mercenário semi-cerrou os olhos, apertou os dentes e torceu as duas mãos na empunhadura da longa espada. Ele sentiu um baque, como um golpe de vento, levantando algumas folhas ao passar por ele. O zunido ficara, então, ensurdecedor.

- Maldição! - esbraveja ele, lembrando-se que um dos problemas em usar uma espada para duas mãos é não poder proteger o resto do corpo: ou ele largava a espada para tampar os ouvidos ou ficaria desprotegido.

Ele hesitava, sentia algo por perto, lhe parecia uma fera com fome, e não ousava largar a espada. O barulho foi ficando distante e a dor foi sendo aliviada naturalmente.

- O que foi isso? - se pergunta ele, baixando a guarda e balançando a cabeça por causa do chiado.

"Grr..." fez a criatura atrás dele.

Gaius engole a seco e, sentindo um arrepio lhe percorrer a espinha, vira o rosto lentamente: "Merda, uma aberração das trevas..."

O corpo da quimera era comprido e esguio como o de um lagarto com seis patas, terminado numa fina e longa cauda de três pontas afiadas. Seu tamanho era descomunal, só a sua boca tinha a altura do mercenário e, no entanto, conseguia se camuflar na vegetação com facilidade, sendo preciso forçar a vista para se ter certeza de que ela estava realmente ali. Sua respiração era pesada, fazendo o cabelo de Gaius balançar. Seus oito olhos cinzentos o fitavam sem piscar, especialmente os dois principais, maiores que os outros, e o par de antenas que sobressaiam-se do topo da cabeça balançavam lentamente para cima e para baixo. Subitamente, suas antenas ficaram rijas e estáticas:

"Esse monstro está... sorrindo?!", pensa Gaius, ao ver a bocarra se abrir e mostrar as várias fileiras de dentes.

Naquele instante, Gaius não pensou duas vezes, deu um pulo, tomando espaço, e correu para cima de um tronco curvado, saltando para cima da aberração com a pecadora em riste.

- AHHH! - brada ele.

A criatura some em pleno ar. "Merda!", a espada acaba fincada na pedra. Gaius faz força para retirá-la e estica bem os braços. Um filete de luz passa logo abaixo dele e o mercenário arregala os olhos:

"Uma armadilha?!"

Um fio extremamente fino e resistente dá uma volta em seus braços. Era tarde demais, o corte fora rápido e preciso.

- Não, não, não... - Gaius vai ao chão, vendo seus braços ficarem junto a espada. - MERDA!

Perdendo muito sangue, o mercenário tenta se por de pé, é uma tarefa árdua, ele se sente como uma inseto que não consegue se desvirar. "A panaceia! Droga! Eu tenho que usar a panaceia antes que seja tarde!", pensa ele, tentando alcançar o potinho com o líquido vermelho que está bem na sua frente, da maneira que pode. Logo ele começa a chamar pelo amigo:

- Umbral! Socorro, seu filho da mãe, socorro!!!

Alguém se aproxima. Gaius sente a respiração ficar difícil, a vista embaçar e não consegue ver quem é, nem reconhece sua voz:

- Tsc... Quando é que você vai aprender? Ninguém deveria se aventurar por estas terras... Coragem é para os tolos!

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sábado, 28 de fevereiro de 2015

DIVIDIDO: O QUE EU QUERO FAZER E O QUE EU DEVO FAZER.

Acordei pela manhã ao lado da fogueira apagada. Num pulo, estava de pé, atento ao meu redor, procurando ter certeza de que ainda estava sozinho. Nas primeiras noites em que me arrisquei a dormir em um lugar desconhecido, sempre acordava com algo faltando, às vezes era uma bota, noutra todo o meu dinheiro. Cheguei a perder minha espada e meu escudo! Felizmente os recuperei antes que o ladrão os vendesse a alguém de quem eu não pudesse comprar de volta. Ufa! Foi um sufoco aquele dia! Desde então, quando vou dormir, procuro algum lugar calmo, afastado de vilas e cidades, que não tenha sinais de animais grandes ou pessoas e, depois de conseguir um pouco de lenha, faço uma pequena fogueira para tentar me manter aquecido durante a noite. Eu já tentei carregar comigo uma armação para fazer um barraquinha... foi a primeira coisa que me roubaram... com ela armada! Heh, viver nas terras selvagens e ir de um reino a outro sem conhecer ninguém é realmente complicado.

Me alivio no matinho, checo novamente se tudo está no lugar e verifico o mapa da região. Se tudo estivesse correto, eu chegaria a montanha dos lagartos de espinhos até o meio-dia. Os lagartos que vivem nesse lugar perfuram o solo em busca de metais que são usados em suas grossas carapaças e eventualmente deixam pedaços dela por todo lado, seja por brigas ou porque precisavam renovar as escamas. Nenhum outro animal consegue fazer o que eles fazem! O metal fica praticamente sem impureza nenhuma e para obter uma boa arma é preciso ter os melhores materiais. Se eu conseguir uns quatro ou cinco quilos, posso levá-los para o ferreiro mais próximo, trocar um pouco pela mão de obra e usar o resto para uma espada... quem sabe uma adaga, afinal, força não é um dos meus atributos mesmo. Parece que fora ontem que eu deixara a minha vila, que fizera dezoito anos e minha mãe me dera o velho armamento do vovô, uma espada velha, feita do mesmo metal que procuro, praticamente nova! E um escudo, um pouco pesado pra mim, feito de madeira com moldura de metal. Este último está meio acabado, cheio de marcas de golpes de espadas e buracos de flechas, mas permanece íntegro e ainda poderia aguentar uma bola de fogo ou duas. Espero não ter que enfrentar um mago pra ter certeza...

O caminho pela frente é longo, tortuoso e não me demorei mais. Talvez eu tivesse perdido uma ou duas horas da manhã - meu sono é tão pesado, que mesmo se uma manada de paquidermes de seis toneladas cada estourasse perto de mim, eu não acordaria - e chegar ao local marcado pudesse passar da hora do almoço. Estava preocupado, caso eu tivesse que entrar numa luta passando fome eu não teria chance alguma. A região não era de árvores frutíferas e não a conhecia para saber se realmente poderia haver alguma ou não. Era a minha primeira vez fora de casa, minha primeira aventura seguindo os passos do meu avô, um aventureiro como eu que por vezes conseguia um trabalhinho aqui, um servicinho ali, salvando princesas indefesas e matando dragões ferozes. Acho que boa parte do que meu avô me contava era mentira, talvez ele apenas tivesse feito parte de algum exército comum, conseguindo assim as marcas no escudo e quem sabe a espada esteja nova por ele nunca chegou a usá-la. Admito, também penso que o que eu fiz mesmo foi me meter numa grande enrascada sem precedentes e que eu possa acabar morto por não ter pisado no lugar certo, sem que ninguém, ao não ser as aves carniceiras, pudesse encontrar meu cadáver. Urgh... Sinto calafrios só de pensar!

Vejo no alto algumas aves de fogo aproveitando o calor dos dois sóis para se aquecer e acender seu típico rastro luminoso seguido por um filete de fumaça pelo azul do céu. Pelo que meu avô dizia, ele também havia visto estas aves ao se aproximar do ninho dos lagartos. Como um não tem problemas com o outro, eles convivem perfeitamente bem: os lagartos de espinhos avisam se um animal desconhecido se aproximar das florestas por terra e as aves sibilam, acuando qualquer intruso que possa ser visto do céu. O ferreiro iria adorar ver uma pena ou duas destas aves para colocar numa arma, pena que eu não tenho luvas de couro de salamandra ou bálsamos contra queimaduras... Por enquanto, o metal dos lagartos de espinhos é o único material raro que eu posso encontrar... Isto é, se eu encontrar! O vovô me disse que este lugar era meio isolado, mas pelo que pude ver, a vila mais próxima cresceu, virando uma grande cidade, tomando alguns quilômetros mata a dentro, quase que não consigo atravessá-la antes do anoitecer!

Certo, cabeça fria! Pela vontades dos deuses eu irei sair daqui com o meu pequeno tesouro e conseguir a minha primeira arma... que não tenha sido de mais ninguém... Pensando bem, será que mais ninguém está atrás do metal dos lagartos de espinhos? E se tiver alguém lá quando eu chegar? E se os lagartos não gostarem de mim? Pelo deuses! O que eu faço?! Eu tenho pouca prática em usar a aura para me defender! Certo, respira, respira, respira... Você consegue, cara, você consegue!

Diante de mim vejo um penhasco com cerca de vinte metros de profundidade com um rio largo lá embaixo. Olho para os lados e não vejo ponte ou árvore que pudesse me levar até o outro lado, são pelo menos trinta metros de distância. Eu poderia descer, nadar até o outro lado e subir de volta, no entanto, a correnteza se mostra muito forte, mesmo que eu consiga atravessar com esse escudo pesado - o que eu duvido muito - como vou trazer o metal comigo?! ARGH! Eu não vim até aqui pra morrer na praia! Quero dizer, ficar no penhasco! Vou ter que tomar outra direção, espero que a nascente não esteja muito longe da montanha... vou acabar demorando mais do que deveria... e morrer de fome... Puta merda! Mantenha a fé, mantenha a fé! Puta merda...


Acordo pela manhã, atordoado pelo barulho do despertador, arrependido por não poder sonhar mais um pouco. Me levanto sôfrego, vou até o banheiro e escovo os dentes. Eu não queria ter que me levantar, mas é o que eu preciso fazer todas as manhãs. Troco de roupa e coloco o uniforme da loja, uma camisa polo vermelha com o logotipo da empresa bordado em amarelo sobre o peito esquerdo. Respiro fundo, não tenho fome. A maioria das pessoas já estaria no segundo lanche naquela hora, porém, o que sinto mesmo é o meu estômago embrulhado, cheio de ansiedade e arrependimento.

Saio de casa, viro algumas esquinas e chego ao ponto de ônibus. Não demora muito e a condução chega, R$3,50 de passagem e fico de pé, apertado - o ônibus está lotado. Dentre uns quinze minutos chego ao Terminal de Ônibus, desço como todo mundo, quase corrento, atravessando para a outra plataforma para esperar o ônibus duplo sanfonado que vai até o centro da cidade. Uma fila enorme me esperava. Estava atrasado e havia um ônibus saindo. Assim que a fila terminou de entrar e a fila para o próximo ônibus se posicionava, entrei no ônibus que já estava partindo. Novamente me vejo no meio de várias pessoas, não há lugar para me escorar, fico em pé numa posição desconfortável, tentando olhar pela janela e aproveitar a paisagem que vejo todos os dias. Um novo prédio começou a ser construído, interessante...

O ônibus se aproxima do meu ponto, dou sinal e, depois que ele para, desço com mais dez pessoas  que nunca vi na vida. Atravesso a rua e ando algumas quadras e chego a loja. O gerente me recebe com uma bronca:

- Você está atrasado...

- Desculpe-me, isso não irá se repetir... - tento me explicar, mas o gerente não estava de bom humor.

- É o que todo mundo diz! O José e a Laura faltaram hoje, serviço dobrado pra todos.

- Certo...

Fico quieto no meu lugar, esperando um cliente entrar na loja, ainda estava muito cedo e o movimento estava fraco. Duas horas depois o movimento muda, todos os vendedores começam a ficar ocupados constantemente e a falta daqueles dois começa a ser sentida. Eles são os melhores vendedores da loja e o gerente acaba fazendo vista grossa pra eles de vez em quando. Ele também adora tomá-los como exemplo para os demais vendedores, era como se eles conseguissem vender a loja inteira em um dia, enquanto eu levaria pelo menos um ano para fazer o mesmo. Eu sempre fico despreocupado, deixo o cliente escolher por conta própria, vejo atentamente o que ele quer e precisa. Ufa! Uma venda feita! Poucos minutos depois outro cliente aparece, este tem olhar de quem está em dúvida, apenas olhando. "Sem pressa, sem presa", eu penso. Ele abre a boca e me pergunta sobre o preço e eu lhe digo quanto custa. A dúvida ainda pairava sobre seu semblante. O gerente passa, fica de olho em mim com aqueles olhos de águia, me observando de longe, vendo se eu estou fazendo tudo direitinho. O cliente deixa a loja e vai para outra. Olho para o gerente e viro meu olhar rapidamente, pois ele estava fazendo aquela cara de "Por que você deixou o cliente ir embora?!". Eu respiro fundo, eu tenho meu próprio ritmo e eu não estou nenhum pouco a fim de ir além disso. Eu me sinto estranho conversando com outras pessoas, um pouco intimidado, entende? Eu mal consigo olhar nos olhos dos clientes, sempre acabo agindo mais por autocondicionamento do que por vontade própria. Passo meu dias assim, sentindo esse incomodo de que não estou no lugar certo, de estou indo e vindo sem sair do lugar,  completamente perdido. Eu deveria me importar?

No horário de almoço, sou o último a sair. Vou a um restaurante self-service baratinho, escolho o que mais me agrada e me sento a mesa, solitário, pensando na vida. Peço ao garçom uma latinha de refrigerante depois de chamar sua atenção duas vezes. Talvez eu não devesse ter colocado tanta comida, já me sinto satisfeito e ainda falta um bocado no prato. Deixo a mesa e levo a latinha comigo. Uso o vale refeição no caixa e volto para o meu lugar na loja. Suspiro, tenho que continuar até o fim do dia.

Consegui mais duas vendas, coisas pequenas. Passo na sala do RH no fim do dia e pego o pagamento da semana. Noto uma nova diminuição do pagamento e vou falar com o gerente. Ele me dá desculpas, fala que a loja não está passando por uma época muito boa, que é preciso aguentar firme... Jogo na cara dele que o José e a Laura ganham cinco vezes mais que eu e só aparecem uma ou duas vezes por semana. Ele retruca me dizendo que eu não estou vendendo o suficiente e que eu posso ser despedido. Desisto. Passo no RH novamente e peço minhas contas. Eu não consigo ser um vendedor melhor do que aqueles dois afinal...

Vou para o ponto de ônibus triste, a fila está enorme, há pelo menos três filas de espera para os próximos ônibus. Suspiro. Dou meia volta e vou em direção a outro ponto de ônibus, este fica mais longe, é uma boa andada até lá, mas não fica tão lotado quanto aquele e eu posso ficar sentado a viagem inteira. O tempo até que eu chegasse em casa ficou em torno de três horas no fim das contas.

Chego ao portão de casa cansado, com a cabeça cheia, imaginando quando eu conseguiria um novo emprego. Dentro de casa vejo que meus pais compraram um fogão novo. Eles estão felizes que eu estou trabalhando e resolveram comemorar. Eu respiro fundo:

- Devolvam! - digo, resoluto.

- Mas...

- Devolvam! - repito, com mais raiva.

- Por quê?

- Não vou pagar por isso, saí do emprego...

- E agora? Já jogamos fora o fogão antigo... - diz meu pai.

- Merda! Será que vocês não podem pensar um pouco antes de ficar gastando dinheiro! CARALHO! - perco a paciência e viro a mesa com tudo que está em cima dela.

Meus pais ficam calados. Arranco a camiseta da loja pela cabeça e jogo fora. Coloco outra camisa e saio de casa.

- Aonde você vai? - pergunta minha mãe, aflita.

- Não sei! - grito pra ela.

Saio pelas ruas, andando sem rumo, sem saber o que fazer da minha vida. Quem sabe eu devesse cometer suicídio... É tão fácil pensar que isso resolve tudo! Quem sabe resolva...

Continuo andando, passo umas três horas andando, procurando lembrar de algum lugar que fosse interessante ir naquele horário tarde da noite. Fico cansado e resolvo tomar um ônibus para voltar pra casa.

Meus pais já estão dormindo, tomo um banho e visto uma roupa velha pra ir dormir. Na manhã seguinte, acordo sem querer acordar e fico me revirando. Penso que a vida deveria ter sido diferente, que eu fiz as escolhas erradas, que eu queria voltar a ser uma criança sem responsabilidades. Passo o dia inteiro na cama, não quero me levantar, não tenho motivos para me levantar... não tenho bons motivos para me levantar.

No dia seguinte, acordo cedo, tomo banho e coloco uma roupa pra sair. Minha mãe me vê saindo e pergunta:

- Vai aonde?

- Procurar emprego...


Agora que você leu estas duas histórias, talvez eu possa continuar a falar sobre a minha história. Se é que alguém se interessa por isso...

Escrevi estas duas histórias porque: o que eu quero fazer é escrever, gosto do estilo medieval fantástico e retratei o dia de um personagem comum, iniciante, que está aprendendo a lidar com o mundo ao seu redor e não tem que prestar contas a ninguém, ele faz o que quer, quando quer e pode ir a lugares fantásticos, um símbolo de liberdade, por assim dizer. Na segunda história retrato mais ou menos o que aconteceria comigo se eu conseguisse um emprego, o que eu deveria fazer, usando situações que já aconteceram comigo e tendem a se repetir. Eu realmente não lido bem com pessoas, não gosto da ideia de ter mais vontade de ir embora do que em chegar ao trabalho, não gosto de ficar preso nessa rotina sem sentido e definitivamente eu ficaria estressado... Na verdade, eu estou sempre estressado, tenho vontade de matar alguém, de ficar batendo repetidas vezes em seu cadáver só para gastar toda a raiva que venho acumulando. O mundo não faz sentido pra mim. Isso sem contar que a parte sobre os meu pais é bem parecida com a realidade, só que ao invés de fogão novo, que até não seria uma má ideia, uma vez que o nosso fogão tem mais de 15 anos de uso; meu pai inventou que quer vender queijos produzidos no Ceará e trazê-los para São Paulo junto de outras mercadorias, como carnes incomuns e exóticas. O único problema é que ele esta gastando mais dinheiro do que deveria! Eu nunca vi ele fazendo uma única conta de quanto ele vai conseguir se vender todos os queijos, ir morar no Ceará foi um completo fiasco, gastamos todo o dinheiro que foi conseguido com a venda de um terreno em outra cidade, e ele não percebe que está gastando dinheiro que não tem! Meu irmão é que está trabalhando de verdade aqui em casa e acumulou um boa quantia nos últimos meses e, como se não bastasse, meu pai está pegando dinheiro com o irmão dele para poder comprar a cama que está faltando, já que só há três camas para cinco pessoas na minha casa. Não, o pior não é isso... Ele está pensando em pegar um empréstimo no banco! Eu digo pra ele: "Pra pagar com que dinheiro?! Não pode esperar pelo menos pela aposentadoria da mãe, não?!" Como se ele ligasse... Argh...

No meio dessa confusão, sem dinheiro, sem saber o que fazer da minha vida, eu preciso encontrar um emprego, não tenho nenhuma formação que me possibilite um encaminhamento e, a cada dia que passa, me sinto mais alienado, perdendo a noção do tempo... Não tenho coragem pra realmente dar duro e escrever um livro atrás do outro, toda vez que me sinto pronto pra escrever, minha mãe me lembra que eu tenho que ir trabalhar, encontrar um emprego... É frustrante!

Nos últimos dias nem consigo pensar em comer direito, tenho apenas almoçado fora de hora e comido qualquer coisa como lanche para o jantar. Eu não consigo sentir fome... Vejo pessoas dizendo que já querem almoçar antes do meio-dia e não consigo entender como podem ter tanta vontade de comer... De certo que eu acabo almoçando mais de cinco horas da tarde, mesmo assim...

Não tenho ânimo para viver, nem estou depressivo o suficiente para fazer alguma besteira... - pensar assim já virou um hábito. O mês está acabando, está é a 10ª publicação no blog e não consigo ver valor algum na minha vida. Talvez ela não tenha nenhum mesmo...

Já não espero que haja alguma resposta para minhas angustias e devo ficar sem comentar sobre isso por um tempo, está ficando chato demais ser apenas chato... Tenho alguns textos antigos que nunca usei, gostaria de reciclar e publicar no blog no mês de Março, e, quem sabe, eu consiga juntar coragem pra escrever um livro no mês de Abril... Talvez seja melhor esquecer esse último, cortar meus dedos fora e me declarar insano logo...

Não sou feliz e não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima... Eu acho...
Tudo o que eu queria era ter o direito de ser eu mesmo... mas isso não passa de uma grande mentira...


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

CRÔNICA: NADA É IMPOSSÍVEL, CONTUDO, SOMOS LIMITADOS

Aquela velha frase daqueles que tiveram sucesso: "Nada é impossível". Será mesmo? Ou isso só quer dizer que a maioria dos seres humanos é preguiçosa e quando deveria continuar batalhando para conseguir alcançar seus sonhos, desiste antes mesmo de chegar na metade do caminho? É de se pensar...

Estive imaginando o quanto crescer num ambiente limitado pode te tornar limitado. Claro, isso é relativo, existem pessoas que tinham pouco e hoje tem muito, da mesma forma que pessoas que tinham muito não possuem quase nada hoje. Mas, o que quero dizer é, com relação a temática do blog, falando sobre mundo ideais e fictícios, o quanto será que as limitações influenciam na capacidade de alguém ultrapassar suas limitações ou, pelo contrário, se limitarem mais ainda?

Penso nisso porque vejo em São Paulo, uma das cidades mais superpopulosas do mundo, pouquíssimos espaços para crescer. Na rua onde moro atualmente, boa parte das casas não possuem quintal e vejo as crianças saírem para brincarem nas ruas. Se por um lado isso dá a liberdade para a criança crescer, correr, brincar, etc., isso também dá a elas vazão para fazerem o que quiserem, uma vez que os pais costumam "estar ocupados demais para cuidar dos filhos o tempo todo". O ideal, deveras, era poder crescer de forma saudável, mas acho difícil simplesmente dizer que isso acontece por causa dessa limitação de espaço. E não são poucas pessoas, são milhões de pessoas que crescem de "forma irregular".

Eu, por exemplo, não tive o problema de crescer sem espaço, até pouco tempo atrás eu não vivia cercado por casas, eu podia ver São Paulo de forma livre e observar o horizonte. Agora, o "progresso" chegou, minha casa foi modificada e o meu espaço, limitado. Ou seja, isso não fazia parte da minha maneira de ver o mundo e ainda tenho que me acostumar com a ideia de que não sou mais livre, estou rodeado por paredes. Em contrapartida, não é essa a minha limitação...

Tenho duas grandes limitações: família e dinheiro. Enquanto há pessoas que são extremamente felizes com a família que tem, que não trocariam nenhum parente por nada nesse mundo, eu gostaria que pelo menos uma pessoa na minha família tivesse trilhado "o caminho ideal" da vida. Tivesse feito faculdade, conseguisse ter sucesso em sua profissão e fosse um exemplo para os outros. Ninguém da minha família, entre pais, tios e tias, fez isso: cursou a faculdade, trabalhou para conseguir o sucesso e hoje é uma referência na profissão; diferente disso, a maioria trabalha por conta, faz o seu próprio trabalho e vive do jeito que der, ganhando o quanto pode, sempre vivendo disso e daquilo, nunca de forma uniforme, por assim dizer. Eles trabalham duro, vão trabalhar constantemente e sempre garantem o dinheiro no final do mês, não estou contestando isso. Estou dizendo que para eles estudar não é algo importante, nem nunca foi, nunca tiveram dores de cabeça para passar no vestibular, não sabem o que é um trabalho de conclusão de curso e muito menos sabem do que se trata o conteúdo de uma faculdade. São mundos completamente diferentes... e adivinhe de que lado eu gostaria de estar? Vou dar uma dica, não é com eles...

O outro fator que limitou a minha vida, como disse antes, foi o dinheiro. Minha mãe é "dona de casa" e meu pai vive de forma tão indefinida que eu não consigo dar um nome, atualmente ele é vendedor de queijos que traz do Ceará (OBS.: Não temos dinheiro para comprar esses benditos queijos e mesmo assim ele quer continuar com isso). Os dois não terminaram a escola e, quando eu tive a oportunidade de entrar numa escola técnica, como filho mais velho, me disseram não, que ia ser caro, algo assim. Meus irmãos não tiveram a mesma sorte, eles cursaram a escola técnica e hoje são técnicos em administração (meu irmão) e eletrônica (minha irmã). Eu tentei Design de Interiores, pois era um curso parecido com a Arquitetura, curso que me interessava, e acabou que o custo para o material do curso estava muito fora do orçamento familiar. Eu precisava de pelo menos uma prancheta para prosseguir normalmente (neste caso, prancheta é uma mesa grande, inclinável, com uma régua paralela, grande, que vai praticamente de um lado ao outro dessa mesa na horizontal, vide imagem).


Isto sem contar que na época não tínhamos computador, se eu quisesse fazer uma pesquisa eu precisava ir até uma Lan House, gastar algo em torno de R$6 por 6 horas de internet (isso era um pacote, e só ficava disponível pela manhã, fora desse horário o preço era de R$2 a hora). Eu nem fazia ideia do que realmente era uma pesquisa, pra mim era tudo "copie e cole, leia se possível". Vi várias Lan Houses abrirem na época e praticamente nenhuma sobrar hoje em dia - incluindo a Lan House onde eu pagava barato, que fechou no meu segundo semestre. Além de não ter acesso ao material físico para poder fazer o curso, eu não tinha acesso ao material de pesquisa e, para se concluir o curso de Design de Interiores, isso não poderia faltar!

Eu trabalhei durante um bom tempo como vendedor, no começo, entre 12 e 15 anos (não lembro ao certo) era apenas aos sábados, posteriormente eu viria a trabalhar também de segunda a sexta após o horário de aulas. Antes de começar o 3º ano do ensino médio, porém, eu não quis mais trabalhar, aquilo não era vida pra mim... Em suma, eu tive bastante dinheiro durante essa época, afinal era tudo pra mim, e quando precisei para o curso, não sobrou nada...

O dinheiro é uma limitação traiçoeira, e por isso há pessoas que, mesmo sem serem gananciosas, sabem que tudo é dinheiro. O dinheiro é o que nos possibilidade trocar, de uma forma comum, trabalho e produto. Você trabalha e assim pode adquirir produtos necessários a vida e ao lazer - essa é a regra da sociedade. Fora dela, a única forma alternativa possível seria conviver numa sociedade em que a troca seria sempre justa, ninguém precisaria do dinheiro pra nada, não haveria fome, sede, todo mundo se ajudaria - o que é improvável. Senão, viveríamos como selvagens, se alguém passasse fome e eu tivesse uma propriedade com produção farta, provavelmente eu seria roubado ou alguém iria querer tomar para si a minha propriedade - o que seria o mesmo caos da antiguidade, onde se dizia que metade da população era constituída por ladrões. O dinheiro se tornou a melhor tentativa até hoje de convivermos de forma comum, apesar de ser o mesmo dinheiro que cause tanta diferença entre as pessoas e as chamadas classes sociais. O dinheiro nos liberta, ao passo que nos limita...

Antes de fazer minhas últimas considerações, eu gostaria de citar o efeito positivo que viver sem limitações no bom sentido pode causar: Bibi Ferreira - atriz, cantora, diretora e compositora brasileira, filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aída Izquierdo, tendo hoje 92 anos e boa parte deles no palco. Não digo que ela não tivesse as limitações e os problemas que todo mundo tem, que não tivesse batalhado para estar no lugar em que está, mas, o que ela se tornou hoje já vem de família e de como ela cresceu. Me lembro dela comentar que sua carreira como atriz começou sem querer ainda muito jovem, pois teria contracenado numa peça como boneca na última hora, algo assim, e que vivia rodeada pelos amigos artistas dos pais. Era praticamente como se o teatro, seu local de trabalho, tivesse sido seu destino desde o começo. No meio de uma família de artistas é natural que isso aconteça e isso só aumentou as possibilidades para ela ser o ícone que é hoje. Não há a menor possibilidade para Bibi viver fora do palco, é lá que ela se realiza e vive a plenitude do seu ser. Todos nós procuramos por uma vida assim... por que não conseguimos encontrar?


Eu só sei que, apesar de não ter pais que se importem com o que eu faço, de não ter dinheiro ou trabalho para seguir em frente, de nem ao menos saber quem são as pessoas que irão ler este pequeno texto, eu queria ter a certeza de que estou no caminho certo, de que não estou sendo preguiçoso por estar em dúvida entre começar a trabalhar sem saber com o quê ou continuar a ser um simples blogueiro que escreve porque gosta. Eu estou rodeado por pessoas que só sabem trabalhar e trabalhar, que trabalham porque precisam, que apenas trabalham... Simples assim, sem ter algum sentido ou razão interior.

Onde eu trabalhei, meus tios já trabalhavam há umas duas décadas e trabalham até hoje. A mesma rotina, acordar cedo de segunda a sábado, exceto em feriados oficias - por vezes trabalhando em dias que a rua toda está praticamente fechada e eles estão lá, trabalhando. Voltam só a noite, às vezes se dando ao luxo de assistir a novela e/ou ao jornal da Globo e vão dormir. Aos sábados e determinados dias do ano ficam até as duas ou três horas da tarde e podem aproveitar um tempinho a mais com as esposas... Se é que se pode dizer isso depois de estarem cansados de uma longa semana de trabalho.  Férias? De vez em quando, raramente para ser mais preciso, eles se ajeitam para passar alguns dias sem trabalhar... Enfim, eles não tem faculdade, de origem pobre e pode-se dizer que progrediram em suas vidas, possuem casa própria e constituíram família...

Heh, me descobri a ovelha negra da família, não sou um rebelde sem causa, mas ainda assim um rebelde, alguém que luta sozinho para sair de suas limitações, para encontrar seu lugar, mesmo que ele não exista...

Eu não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima! :o]


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

VARIEDADES: LISTA DE PAPELARIAS DE SÃO PAULO - SP

Na época em que estudei no curso de Design de Interiores, uma das coisas que tive de aprender é que não é qualquer papelaria que realmente vende material para desenho técnico e possui uma boa variedade de tipos de papel, por exemplo, para projetos grandes. Como estou fazendo uma pequena limpeza nas minhas coisas antigas, pois é algo tão velho, anos 2008 e 2009, que, ao me mudar para o Ceará durante 1 ano e 6 meses, me desliguei completamente; decidi ao menos guardar a lista das papelarias que me deram no meu 1º ano no curso. Eu até gostaria de voltar a fazer o curso, mas sei que do jeito que as coisas vão, retomar um curso que exige tantos recursos como aquele exigiu não poderá ser uma possibilidade pelos próximos anos... A seguir, a lista que estava no meu antigo caderno que usei no curso. Não faço ideia se o endereço ainda permanece o mesmo ou se a papelaria fechou nesse meio tempo.

LISTA DE PAPELARIAS

Papelaria Universitária

  • Rua Maria Antônia, 263 - Consolação
    Telefone: 3257-1844
  • Rua Humberto I, 1012 - Vila Mariana
    Telefone: 5571-9015
  • Rua José Antônio Coelho, 872 - Vila Mariana
    Telefone: 5539-4559
  • Rua Casa do Ator, 65 -Vila Olímpia
    Telefone: 3842-3139
Visitex
  • Rua Major Sertório, 453 - Vila Buarque (Centro)
    Telefones: 3231-6810; 0800-701-18-15
    3255-9770 (SAC)
Misaspel
  • Avenida Brigadeiro Faria Lima, 834 - Pinheiros
    Telefone: 3815-6755
Rosário
  • Rua Coronel Xavier de Toledo, 242 - Centro
    Telefone: 3255-2188

Artesco
  • Rua Domingos de Moraes, 2248 - Vila Mariana
    Telefone: 5048-1599
Papel Total
  • Rua Maria Antônia, 238 - Consolação
    Telefone: 3259-1687
  • Rua Humberto I, 1072 - Vila Mariana
    Telefone: 5082-1372
Pegetec
  • Rua Aurora, 601 - Centro
    Telefones: 221-8777; 222-3389
OBS.: Vende por atacado.

Três Rios
  • Rua Três Rios, 121 - Bom Retiro
    Telefone: 227-0741
O Projetista
  • Rua Barão de Itapetininga, 255 - 8º andar - Sala 815 - Centro
    Telefone: 3237-0415; 3237-2262
    3257-2659 (Vendas)
Papelaria Japuíba
  • Rua Antônio Lopes Marins, 77 - Casa Verde
    Telefone: 3966-6544
Espero que, se algum interessado chegou até aqui, que esta lista tenha sido útil de alguma forma.
Eu não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima! :o]

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CRÔNICA: TENHO 24 ANOS, SEM FACULDADE E QUERO TRABALHAR. E AGORA?

*suspiro*

E lá vamos nós outras vez pelo inquietante mundo de Victório Anthony... Eu me sinto a pessoa mais chata do mundo tendo que falar, e só falar, de problemas. As pessoas não gostam de problemas, ninguém gosta de problemas, todo mundo quer soluções! Mas está difícil...

Onde eu moro, tem uma garagem que fica no nível da rua e subia-se uma escada para o outrora quintal ligado a lage acima da garagem que fazia parte da minha infância - era um local enorme, que tinha uma ótima vista, de onde se podia ver os prédios do centro de São Paulo. Esse lugar não existe mais... No lugar, tomando todo o espaço, uma casa foi erguida para o filho do meu tio e dono da casa... Antes da minha vida virar de ponta cabeça de vez por causa da mudança para o Ceará, naquele quintal e naquela lage, eu saía no meio da madrugada para respirar e pensar - era um momento de alívio dessas minhas constantes preocupações. Ali eu podia simplesmente admirar a calma da cidade, momento raro de uma cidade conturbada onde as pessoas acordam pela manhã para ir trabalhar e só voltam a noite. Ali eu respirava e conversava comigo mesmo, debatia durante um bom tempo assuntos diversos, sem esperar que alguém ouvisse ou se importasse, era eu e apenas eu... Agora eu tenho que me contentar com a lage da nova casa, onde não há proteção alguma e acidentes podem acontecer. Não me sinto confortável em fazer isso, mesmo assim eu preciso, não há outro lugar onde eu possa fazer isso...

O que eu quero contar desta vez é que eu olho para o horizonte, vejo o enorme tamanho dessa cidade e não consigo imaginar onde eu possa me encaixar... Lembra-se do título do blog? "Não pertenço a lugar nenhum"? Pois é, não é apenas uma simples figura de linguagem, é a minha situação como pessoa.

Acho que tudo isso começou quando eu comecei a trabalhar como vendedor na Santa Ifigênia, região famosa pela venda de eletrônicos e afins, e não guardei nada para mim. Não que eu ficasse gastando com roupas e outras coisas, eu até ficava um bom tempo andando pelas lojas que eu gostava antes de comprar qualquer coisa, mas o que eu gostava mesmo de fazer na época era comprar mangás (história em quadrinhos japonesa), pra mim o maior prazer do mundo era começar a ler e deixar essa realidade. Era como se eu entrasse na história e, não importasse onde eu estivesse, se em casa ou no ônibus em movimento, eu estava em outro lugar. Como os mangás de sucesso ganham suas animações e pude acompanhar algumas na época, eu já cheguei a ficar em dúvida se eu havia lido ou assistido, de tão entretido que a leitura era para mim. Foi nisso que eu acabei investindo o meu dinheiro. Eu não gostava da ideia de comprar roupas novas como a maioria, eu gostava mesmo era de uma boa história... Infelizmente, o assunto não é esse, eu preciso fazer algo da minha vida...

Eu não fiz faculdade, do jeito que as coisas sempre foram pra mim, fiz um vestibular que me pareceu interessante e só, nunca nem pensei em realmente tentar entrar numa faculdade. Talvez eu nem tivesse conseguido terminar, mas pelo menos agora eu teria uma direção, quem sabe... O fato é que eu fiquei preso num circulo vicioso: eu preciso estudar pra trabalhar e trabalhar para estudar. Nenhum curso é barato, sempre há investimentos que precisam ser feitos mesmo quando o curso é de graça. Não faço ideia do porque desse ser o sistema oficial quando ele não serve a quem precisa, do porque quando você procura por emprego, a maioria das empresas pedem experiência, se há pessoas que nunca tiveram oportunidade para trabalhar... Há programas do governo que tentam resolver isso, contudo, além de que eu estou velho de mais, eles não prestam de verdade... Eu fiz dois cursos básicos, eram interessantes, aprendi alguma coisa, mas não era o bastante, era algo, irrisório. No curso de informática básico, o material era um lixo, quase infantil, que nem foi aproveitado e a maior parte do conteúdo eu já conhecia. No outro curso básico que tive a oportunidade de ir, foi um pouco melhor. Era um curso de marcenaria não muito longe de casa, pude fazer um raque desses pra televisão e uma mesinha de centro, Foi o melhor curso que tive o prazer de terminar, mesmo que curtíssimo... E depois que eu terminei foi que eu entendi que ele não bastava. Fui chamado para entrevistas de emprego em marcenarias longe de casa, na segunda eu consegui entrar em experiência por uma semana... não durei um dia. Eu não fui despedido ou fiz algo errado, eu apenas fiquei tão exausto que tremia sem me aguentar. Consegui suportar até o final do dia e dizia para mim mesmo que não iria mais voltar. No dia seguinte eu estava com muitas dores pelo corpo...

Será que um curso realmente te prepara para o mercado de trabalho?

A resposta para isso é curta e grossa: NÃO. Nenhum curso te prepara para nada, ele apenas te presta conhecimento e VOCÊ e somente VOCÊ é que irá descobrir o que fazer com ele, VOCÊ é que deverá ter a vontade de seguir enfrente e fazer valer a sua pessoa. O curso NUNCA fará isso por você.

Então, para que serve estudar então?

O estudo é uma direção. Com ele você sabe o que pedir para ser empregado. Se você faz curso de marcenaria, você irá procurar emprego numa marcenaria; se você faz curso de administração, você poderá procurar emprego num escritório; se você fez curso de gastronomia, você procurará um restaurante para trabalhar; e por aí vai... Eu fiz um cursinho básico de informática e um de marcenaria (fora os de Design de Interiores e Administração que não terminei) e sabe quantas vagas de emprego estão interessadas nisso? NENHUMA. Mesmo que eu esteja apenas sendo pessimista, nenhuma empresa, pelo que eu saiba, se preocupa com o empregado em primeiro lugar, elas não querem ouvir a sua história e depois te ajudar...

Uma das coisas que eu achei muito diferente da cultura japonesa sobre o trabalho é que, por um motivo que eu não sei qual é, há o costume dos novos empregados se apresentarem aos clientes dizendo "eu sou o novo emprego, cuide bem de mim". Eu, francamente, não entendo... Isso não existe no Brasil! Sei que os japoneses são a imagem da polidez e educação, e isso é apenas reflexo de pessoas que agem de forma regrada, mesmo assim, é um cuidado bem maior do que eu consigo imaginar para o mercado de trabalho no Brasil.

Quando eu procuro emprego por um site de empregos a primeira coisa que eles pedem é "que cargo você procura"? Isso me irrita! Eu não sei que tipo de emprego eu realmente quero! Eu não pude estudar e agora me contro sem rumo... E o que é pior, é obrigatório que você use a categoria que você quer... Então o que me resta e catar no meio das possibilidades oferecidas pelo site por uma categoria neutra, como ajudante. Tudo bem, eu coloquei assim e fui ver o que o site oferecia. Me deparei com algo tão ridículo que eu deveria escrever um livro satirizando a forma como as empresas querem que o candidato seja, comparar com a realidade e mostrar que nem ao menos o anuncio foi feito de maneira adequada! Exemplo, na última visita que fiz ao site, procurei por uma vaga diferente: estoquista. Eu tenho uma certa mania de querer colocar os produtos das prateleiras do mercado no lugar (mesmo que o meu pseudo-quarto nunca esteja arrumado) e resolvi que essa poderia ser uma colocação melhor que simplesmente ajudante. Haviam apenas duas vagas, uma parecia ser bem interessante. Quando fui ler, estava escrito algo como: para loja na Zona Norte e que só pegue uma condução. Até aí mantive o interesse e fui verificar, por pesquisa no Google, qual era o endereço da loja, já que o anuncio é tão curto que não ajuda em nada. Sabe o que eu descobri? Há mais de uma loja na zona norte! Ou seja, eu provavelmente terei de pegar duas conduções, pois nem há uma loja dessas perto de casa... Essa confusão foi brochante, como a maioria dos anúncios de emprego são pra mim...

Afinal, qual é o meu problema?

Eu não quero nenhum desses empregos que aparecem por aí... Meu primeiro emprego foi como vendedor, eu sou tímido, introvertido e me sinto um idiota toda vez que começo a falar com alguém, pois parece que eu estou falando demais, falando o que não devia... Não me sinto bem em trocar ideias com as pessoas, justo o que é a alma do negócio de vendas. Não quero trabalho pesado, o único dia em que fui trabalhar como marceneiro me mostrou que eu precisava fazer academia pra conseguir começar a fazer algo do gênero. Eu não tenho experiência em carteira, nem fiz um curso numa faculdade... O que sobra? Nada, eu acho... Praticamente não há necessidade de pessoas para trabalhos do gênero que eu procuro e me parece que as empresas que poderiam procurar por pessoas novas para isso não fazem anúncios com tanta frequência... O sistema não consegue ser construtivo, ele está solto, embolado, e não há ninguém que possa resolver esse problema, pois a maioria das pessoas sabe o que fazer da vida e, por necessidade, fará qualquer coisa para conseguir o que quer. O mercado de trabalho é competitivo, voraz, e eu sou apenas um cara simples que não quer ter que brigar por nada...

O que eu realmente gosto de fazer?

É o que você acabou ler! Eu gosto de escrever, faço isso compulsivamente, falando sem parar, tentando me explicar e ser entendido, quando o muito que consigo é deixar tudo mais confuso.

E então?

O Brasil não valoriza escritores... Todo escritor no Brasil tem um "trabalho de verdade", por assim dizer. Ser escrito é o hobby dos escritores. De certo que há escritores que fazem sucesso e se mantém da escrita, mas não há empresas procurando por eles, as editoras não querem autores nacionais, o que elas querem mesmo são livros que se tornem best sellers, elas não se importam com os autores até que eles provem serem interessantes. Eu não tenho todo o tempo do mundo... eu preciso de algo para agora, para ontem, algo que me dê dinheiro já.

A dúvida eterna...

Ser feliz ou fazer o que é preciso? Alguns podem pensar: "por que não os dois?", é, eu também poderia pensar em algo assim... se eu soubesse do que isso se trata... Eu vivo num mundo em que nada faz sentido pra mim, sinto como se eu tivesse que abandonar completamente quem eu sou para ser o que eu não quero ser e somente assim conseguir trabalhar. Eu só consigo imaginar empregos que irão me tomar o meu tempo e me deixar estressado, incapaz de sonhar... Eu sou neurótico, como pode ver, cara leitor, pelo que eu me conheço eu sei que se eu não encontrar uma válvula de escape eu vou explodir a qualquer momento... Não é porque eu estou em casa, no notebook, que eu estou menos estressado, pelo contrário! Eu só consigo ficar pensando em tudo isso que eu te disse e não encontrar uma única saída viável, eu travo completamente, não tenho uma única referência para me guiar...

Eu sou um idiota, admito, um ser anormal que... não pertence a lugar nenhum... É o que eu sou, anormal, tão diferente que até os anormais me acham um idiota porque eu não consigo resolver o problemas mais simples que "qualquer um consegue resolver".

Às vezes eu realmente acredito que não posso pertencer a este lugar, que eu deveria desistir de tudo e esquecer toda essa idiotice minha...

Estou começando a ter medo das pessoas, a me fechar cada vez mais, não devo nem ser mais a sombra do garoto animado que não sabia do que a vida se tratava e começou a trabalhar de qualquer jeito, sem saber exatamente o que deveria fazer e conseguia fazer isso sem maiores problemas. Agora esse garoto cresceu e não consegue lidar com as próprias emoções. Minha mente diz uma coisa, meu coração diz outra e nunca chegam a um acordo. Estou dividido, triste, desesperado, procurando por uma saída que pudesse me salvar...

Nos meses de Abril, Julho e Novembro, todos os anos, um site americano conhecido por NaNoWriMo - que seria a abreviatura para "mês nacional para escrever um livro" em inglês, promove entre os escritores que eles escrevem um livro inteiro dentro de um mês - pelo menos 50 mil palavras. Ano passado eu participei da edição de Novembro e consegui escrever as 50 mil palavras mínimas... Mas ainda não terminei o livro. Por um simples motivo, minha cabeça está num espiral interminável de preocupações com o futuro e isso apaga completamente a minha capacidade de criar mundos. O máximo que eu consigo fazer é escrever crônicas e textos genéricos, colocar pra fora as minhas inquietações, já que ninguém nunca se importou com elas... Eu só consigo dizer "eu não sei"quando me perguntam mesmo...

Eu não queria me arrepender do que eu faço, do que eu gosto de fazer, mas o tempo passa, e você vai ficando com vergonha de si mesmo, se sentindo um cretino preguiçoso que não consegue levar nada a sério...

Por enquanto, tentarei pensar em alguma outra coisa...
Eu não pertenço a lugar nenhum...

Até a próxima... :o\


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

DESENHO: ESTUDO DAS CORES

A nova publicação que vós leis agora (risos), é referente ao estudo das cores virtuais e essas coisinhas maravilhosas na tela do seu computador chamadas de pixels. Eu já cheguei a estudar as cores por pigmentação no meu incompleto curso de Design de Interiores, usando as cores MAGENTA, CIANO, AMARELO, BRANCO e PRETO; e devo dizer, elas são muito diferentes das cores luminosas!

Eu não sou especialista e advirto que o uso deste meu pequeno estudo sobre as cores deva ser usado com cautela, não usei nenhuma referência externa e julguei as cores pela forma como elas me lembraram algumas cores que eu já havia visto antes (espero não ter ficado muito por fora).


Agora uma explicaçãozinha...

Estas cores foram obtidas pelo uso do sistema RGB - Red, Green, Blue; literalmente Vermelho, Verde, Azul, pois cada pixel, cada pontinho da tela do seu computador, é composto por luzinhas com essas três cores e é um sistema utilizado como referência em praticamente qualquer programa que use cores. A colorização mínima de cada cor é 0, enquanto que a máxima é 255, formando assim um total de 256 pontos para cada cor.

As cores integrais, que pertencem ao espectro das cores neutras, são formadas por cores que possuem o mesmo número de pontos em cada cor.
Exemplos:
PRETO - Red 0; Green 0; Blue 0.
BRANCO - Red 255; Green 255; Blue 255.

OBS.: O cinza pode ser considerado qualquer cor entre o preto e o branco, mas, a representação perfeita do cinza seria: Red 128; Green 128; Blue 128.

As cores "puras", feitas apenas com pontos de 255 e 0, seriam parecidas com as cores primarias, mas, elas são bem diferentes, como o azul, diferenciado aqui entre o Ciano (que é parecido com a cor do pigmento azul puro) e o Azul (espécie de azul claro). Eu confesso que fiquei em dúvida como nomear estes dois e optei pela forma que melhor me convém, usar o nome do pigmento em um e deixar o nome azul para a cor diferente.
Exemplos:
Vermelho - Red 255; Green 0; Blue 0.
Ciano - Red 0; Green 0; Blue 255.
Azul - Red 0; Green 255; Blue 255.

Por fim, temos o conjunto de cores que possuem pelo menos uma das três cores em tom médio (128), que poderiam ser consideradas cores secundárias, mas, ao invés de serem compostas por tons puros, como na pigmentação, estes são misturados ao preto e ao branco, gerando cores claras (CLA.) e escuras (ESC.). Nessa altura eu já estava tonto com tanta cor diferente que deixei tudo misturado, não consegui separá-las adequadamente, me perdoem. Em alguns tons eu acabei usando outros nomes, como Azul Bebê ou Azul Petróleo, pois já não sabia a qual cor, Ciano, Azul ou Verde, elas poderiam pertencer. É tudo muito complicado, e eu não sou a pessoa certa para explicar isso, admito! Mas tudo isso me fascina, além das cores serem lindas...
Exemplos:
Azul Bebê - Red 128; Green 128; Blue 255.
Azul Petróleo - Red 0; Green 128; Blue 128.
Violeta Roxo - Red 128; Green 0; Blue 255.

Nota: O Azul e o Azul Claro aqui apresentados são muito parecidos, vistos de longe são até iguais, mas não se engane, o Azul Claro é levemente mais claro que o Azul.
Azul - Red 0; Green 255; Blue 255.
Azul Claro - Red 128; Green 255, Blue 255.

Abaixo está a lista completa das cores do quadro, incluindo o código hexadecimal (Hexa) delas, definidas pela ordem que eu escolhi para não me perder e encontrar todas... u_u'

Nota: Código Hexadecimal - funcionam como os números normais, mas, ao invés de apenas 10, são contados 16 número por casa (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F). Assim, um número com duas casas consegue representar até 256 números diferentes.

CORES VIRTUAIS



PRETO: Red 0; Green 0; Blue 0. Hexa: 00'00'00.
VERDE ESCURO: Red 0; Green 128; Blue 0. Hexa: 00'80'00.
VERDE: Red 0; Green 255; Blue 0. Hexa: 00'FF'00
AZUL ESCURO: Red 0; Green 0; Blue 128. Hexa: 00'00'80.
AZUL PETRÓLEO: Red 0; Green 128; Blue 128. Hexa: 00'80'80.
VERDE ÁGUA: Red 0; Green 255; Blue 128. Hexa: 00'FF'80.
CIANO: Red 0; Green 0; Blue 255. Hexa: 00'00'FF.
AZUL CÉU: Red 0, Green 128, Blue 255. Hexa: 00'80'FF.
AZUL: Red 0, Green 255, Blue 255. Hexa: 00'FF'FF.

MAGENTA: Red 128; Green 0; Blue 0. Hexa: 80'00'00.
AMARELO ESCURO: Red 128; Green 128; Blue 0. Hexa: 80'80'00.
VERDE AMARELO: Red 128; Green 255; Blue 0. Hexa: 80'FF'00
VIOLETA ESCURO: Red 128; Green 0; Blue 128. Hexa: 80'00'80.
CINZA: Red 128; Green 128; Blue 128. Hexa: 80'80'80.
VERDE CLARO: Red 128; Green 255 Blue 128. Hexa: 80'FF'80.
VIOLETA ROXO: Red 128; Green 0; Blue 255. Hexa: 80'00'FF.
AZUL BEBÊ: Red 128; Green 128; Blue 255. Hexa: 80'80'FF.
AZUL CLARO: Red 128; Green 255; Blue 255. Hexa: 80'FF'FF.

VERMELHO: Red 255; Green 0; Blue 0. Hexa: FF'00'00.
LARANJA: Red 255; Green 128; Blue 0. Hexa: FF'80'00.
AMARELO: Red 255; Green 255; Blue 0. Hexa: FF'FF'00.
PINK: Red 255; Green 0; Blue 128. Hexa: FF'00'80.
ROSA VERMELHO: Red 255; Green 128; Blue 128. Hexa: FF'80'80.
AMARELO CLARO: Red 255; Green 255; Blue 128. Hexa: FF'FF'80.
VIOLETA: Red 255; Green 0; Blue 255. Hexa: FF'00'FF.
ROSA: Red 255; Green 128; Blue 255. Hexa: FF'80'FF.
BRANCO:  Red 255; Green 255; Blue 255. Hexa: FF'FF'FF.

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Espero que tenha gostado desse meu pequeno estudo sobre as cores...
Eu não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima! :o]


DESENHOS: ARTE & ARTE4

Olá, estou aqui mais uma vez para mostrar mais um dos meus trabalhos. Eu já vou logo dizendo, não sou "desenhista", não sou fã de ficar desenhando apesar de ser fã de desenhos e ilustrações. Reconheço que falta muito em mim para ser um "artista", mas acho interessante o que eu faço. Além disso, eu precisava de algum assunto para manter o blog ativo o máximo possível... Desta vez resolvi usar os meus dotes como (um não muito bom) desenhista. A ferramente de desenho que mais gostou de mim até agora foi o brush esfumaçado, parece até mágica como ele consegue esconder os detalhezinhos irritantes que todo desenhista sabe que o desenho tem, mas quem vê não imagina isso. Pois é, conheço o mundo do perfeccionismo, mesmo sem ser um perfeccionista...

Eu uso o Paint Tool SAI para fazer meus desenhos, acho o programa simples, descomplicado mesmo, e que ainda assim consegue produzir desenhos bem coloridos, até obras de arte, por assim dizer. Os temas de hoje são ARTE e ARTE4 (versão multiplicada por 2 do desenho anterior, gerando um painel de 4 partes). Heh, devo dizer, são desenhos extremamente simples - estampas, se preferir - mas, que por causa do efeito esfumaçado, dão a impressão de saltarem aos olhos.

Bem, como eu até tento fazer deles prints para serem vendidos no Deviant Art, estou usando o código HTML para inseri-los aqui.



ARTE4 by Victorio Anthony by victorioanthony on DeviantArt

Ainda tenho muito espaço para continuar falando, então vou falar mais um pouco...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

BLK DRAGON: MEU PROJETO DE ANIMAÇÃO

Uma das minhas mais nova empreitadas, além de recomeçar do zero com um blog, é a animação. Minha primeira tentativa foi pegar uma sequência de imagens, recortá-las e usar o Movie Maker para juntá-las num vídeo.


Nada mal para uma primeira tentativa, eu acho... Na segunda, eu já tentei algo um pouco mais ambicioso, usei o Paint Tool SAI para ir desenhando e salvando imagens novas, fazendo assim uma sequência. O resultado você pode conferir a seguir:


Adorei o resultado, saiu alguma coisa! Infelizmente, cansa demais ficar usando o mousepad do notebook pra desenhar e não vi muito futuro em tentar animar desse jeito sem as devidas ferramentas.

Em seguida, tentei entrar no maravilhoso mundo do Adobe e Flash Player... E não deu certo logo no começo! Até eu entender como funcionam todas as funções para desenhar e sair do gênero de animação "Batata Triste", eu demoraria milhares de tutorias chatos e cansativos! Sério, o tutorial do site da Adobe que eu vi me deixou assustado, o cara fez um batata triste que andava e eu simplesmente fiquei bugado vendo aquilo. Definitivamente aquelas não eram as ferramentas de animação pra mim. :o[

Depois disso, procurei um programa de animação grátis e simples que pudesse usar. Encontrei o programa de animação chamado Pencil, ele é tão leve que não precisa ser instalado, funcionando direto como um aplicativo. O estilo era realmente MUITO simples, e, sinceramente, só serve para quem quiser ficar repetindo a mesma imagem várias e várias vezes manualmente (dá pra copiar e colar, mas não funciona bem desse jeito também). Eu queria algo que fosse pelo menos no estilo do Paint Tool SAI, que possui várias ferramentas e consegue usar layers (camadas) de forma separada, ajudando a criar cenário e personagens de forma independente.

Nesse meio tempo, eu conheci o maravilhoso trabalho de Monty Oum, um americano com cara de japonês que só consegue ser resumido pela palavra: FODA. Dúvida? Segue o vídeo!


RWBY conta a história de uma realidade onde os seres humanos precisam lutar contra seres da escuridão, os Grimm, com o auxílio de um propelente natural chamado de DUST (literalmente, pó). Nesse contexto, temos Ruby Rose, a excepcional garota da capa vermelha do vídeo acima, que quer se tornar uma caçadora, trabalhando diretamente para eliminar as criaturas de Grimm. Além dela temos Weiss Schnee, Blake Beladdona e Yang Xiao Long (irmã de Ruby), juntas da chapeuzinho vermelho, elas formam o time RWBY, que estudam na academia Beacon (Farol) para se tornarem caçadoras. Mas o destino está preparando algo muito perigoso para todos os caçadores do mundo de RWBY, algo fora de proporções!

Está interessado em saber mais? Ver as duas temporadas lançadas até agora?! Sim?! Que pena! O mundo é um lugar muito injusto, no dia 1º de Fevereiro de 2015 (há 12 dias), o criador de RWBY e outras séries de sucesso no You Tube, Monty Oum, passou dessa pra melhor em plena flor da idade aos 33 anos! Eu fiquei chocado! Eu tinha acabado de conhecer o grande talento do cara e... e... talvez RWBY nunca tenha um final! Não há nada pior para um contador de histórias como eu saber que uma história nunca poderá ser terminada, isso faz a vida perder todo o sentido, como se viver fosse inútil... e eu já tenho neuroses demais pra ficar aguentando essa merda acontecer sem fazer nada! Peguei o Pencil e comecei a desenhar, desenho por desenho, no mesmo dia, fazendo o nome MONTY OUM... e descobri que a porcariazinha do programa não consegue produzir vídeos... tinha que ser! Pelo menos salvei o arquivo em modo flash para posterioridade.

Mas não esmoreci, ainda afoito para conseguir produzir animações em nome da morte de Monty Oum, procurei por um novo programa de animação e encontrei o Muvizu, um programa de animação 3D. Confesso, ele já me deu muita dor de cabeça e me faz querer gritar às vezes, mas seu jeito simples, com personagens praticamente prontos e ampla gama de customização me deixaram suficientemente satisfeito a prosseguir com o seu uso. Ele é deveras limitado nos pontos que eu julgo mais importante, como possibilitar o uso de mais de uma faixa sonora, alinhamento natural dos objetos do cenário, falta de objetos diferentes, já travou no meio de uma criação e me fez perder quase tudo, é um programa pesado para o meu notebook mais ou menos e, por algum motivo que eu desconheço, gera arquivos de vídeo enormes! O programa possui duas versões, a de graça e a paga - obviamente estou usando a gratuita e só poderei ganhar algum dinheiro com as animações se eu conseguir tirar do vazio €75 euros para comprar a outra. A maior ironia é que, se eu pudesse monetizar os videos, talvez eu pudesse comprar o programa oficialmente, mas não, o pobre aqui que se dane... Enfim, mesmo assim, ele é super fácil de usar, os comando são praticamente intuitivos, permite cortes de câmera, iluminação diferenciada, é capas de sincronizar a boca do personagem com gravações de voz, entre tantas outras coisas que ainda estou aprendendo a usar no Muvizu. Agora, finalmente, você poderá ver os dois vídeos curtíssimos que fiz do BLK DRAGON.

PROJETO: BLK DRAGON - feito no Muvizu


Aqui temos o BLK RED: MURDOCK,
ele é violento, cabeça quente e promete fazer alguns bons estragos nos vídeos,
assim que eu descobrir qual a melhor maneira de fazer isso...

Teste: BLK DRAGON - 1ª Aparição dos BLK's


Aqui, os outros BLK's aparecem em seu mundo escuro, tentando fazer contato.
GREEN: BLK GRENNY, charmosa, ágil e fatal.
PINK: BLK MADAME, forte, poderosa e hipnótica.
Yellow: BLK HORNMAN, inteligente, perspicaz e gigantesco.

Bem, é isso, já venho pensando nisso há um bom tempo e estou tentando levar isso a sério enquanto eu posso. Por quanto tempo será que um homem sem sorte consegue aguentar sendo pressionado a conseguir um emprego que provavelmente ele nunca irá gostar tanto quanto gosta de criar seus próprios mundos? o_o'

Eu não pertenço a lugar nenhum...
Até a próxima! :o]

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

CONTO: O COPO DA INANIÇÃO

Era uma vez um garoto pobre que precisava muito começar a ganhar dinheiro. Seus pais não podiam ajudá-lo, trabalhavam o dia inteiro e mal conseguiam o suficiente para comer. Estava com fome e andou pelo mercado a procura de algo que pudesse fazer. Pensou em trabalhos pesados, mas era fraco e não poderia com o peso. Pensou também em ser um vendedor, mas era muito tímido, não conseguiria falar direito com ninguém. Passando por um senhor grande e suado do calor do dia, ouviu dizer:

"Como eu gostaria de um copo de água! Mas tenho que ficar aqui trabalhando e não posso deixar a loja..."

O menino ficou pensando naquilo, procurou algo que pudesse ajudá-lo e viu um copinho de barro muito bonito. Foi até a fonte de água do mercado, um bebedouro público colocado ali pelo rei. Pegou um pouco d´água e levou até o senhor que estava com sede. Muito agradecido pelo serviço, deu ao garotinho $0,05. O pobre menino sentiu suas esperanças serem renovadas com a moeda de pouco valor e já começava a imaginar como seria seu futuro se conseguisse levar o trabalho a sério.

Ele retornou a fonte e buscou um novo copo d'água. Porém, antes que pudesse enchê-lo, dois guardas o pegaram pelos braços e o levaram até um mercador velho e rico:

"Este é o seu copo, senhor?", perguntou um dos guardas apontando para o copo nas mãos do menino.

O idoso frisou os olhos com força, sua vista não era muito boa:

"Sim, é este!"

O menino olhou para o copo e ficou sem saber o que fazer:

"N-Não! É meu!"

"Oh, você quer o MEU copo?!", respondeu o mercador com seus olhos gananciosos brilhando afoitos por um bom negócio. "Se quiser o copo, terá de pagar $50 moedas de ouro!"

O garotinho ficou perdido, ele tinha certeza que o copo não era de ninguém e que ele estava abandonado:

"Mas, mas... Eu o encontrei!"

"Então você o roubou!", disse um dos guardas. "Você irá para a cadeia por roubo!"

"Não! Eu não roubei!", retrucou desesperado. "Eu preciso dele para pegar água na fonte e poder trabalhar!"

"Oh! Você andou fazendo dinheiro às custas do MEU copo?!", perguntou o velho interesseiro. "Isso só piora as coisas para você!"

O garotinho ficou com tanto medo que deixou o belo copo cair no chão, quebrando em vários pedaços. Com os olhos úmidos, fechou a expressão:

"E-eu não queria..."

"Tsc, tsc...", fez o velho mercador. "Agora você terá que pagar por isso também!"

"Por favor senhor, eu não tenho dinheiro..."

"Não se preocupe, garotinho, nada vai lhe acontecer..." disse um dos guardas, fazendo o menino quase sorrir, contudo, a maldade daqueles homens era ainda maior.

"Seus pais serão presos até pagarem o que devem!", falou o outro guarda.

"Não, não temos dinheiro! Pelos deuses! Não temos dinheiro!", exasperou-se o pequeno.

"Azar o seu...", disse o velho, satisfeito.

Naquela tarde, quando voltaram para casa de mais um dia cansativo de trabalho que não rendia muito, os pais do menino foram surpreendidos pelos guardas reais, algemados e levados para a prisão. O menino foi jogado no chão e deixado lá, sem ninguém que pudesse ajudá-lo. Começou a chorar e não sabia mais o que faria dali para frente.

"O que eu faço?"

Sua barriga doía de fome e simplesmente esperou. Guardando a casa como podia.

Uma semana depois, o senhor que bebera a água do menino soube da história e lembrou-se que fora ele que havia perdido aquele copo. Estava tão feliz por ter bebido aquela água que jugou melhor deixar o pequenino ficar com ele, sem que ele soubesse. Foi ao juiz, reclamar que ele era o verdadeiro dono do objeto que colocara os pais do menino na cadeia e que poderia provar, trazendo consigo os outros cinco copos que formavam o conjunto. Os guardas reconheceram que eram realmente iguais ao que o menino havia deixado cair e logo os pais do menino foram soltos.

Chegando em casa, encontraram-na fechada. Dentro dela, o menino os estava esperando na cama do casal, mais magro do que estava antes da confusão começar. Os pais o chamaram, ele não respondeu. A mãe o chacoalhou, ele abriu os olhinhos miúdos e tornou a fechá-los. Preocupada, a mão o puxou ajeitando em seu colo, fazendo carinho nele:

"Querido, o que você tem? Diz pra mamãe, sim?"

Ele abriu os olhos mais uma vez e respondeu com uma voz fraca:

"Me desculpe, eu não queria..."

Os olhos do garotinho se fecharam pela última vez.

Depois que ficara sozinho, estava com tanto medo de mais alguém lhe chamar de ladrão, de acusá-lo de roubo, que não saiu mais da casa. Tudo o que ele tinha eram $0,05 e não daria para comprar nada para comer...

...